Empresas de tratamento de águas, Aquiculturas, Entidades Científicas
A aquicultura tem sido nos últimos anos um dos segmentos de crescimento mais rápido da produção alimentar global. Tem sido saudada como uma resposta para os problemas resultantes da diminuição das capturas de pescado, devida à sobrepesca e a outras causas. A descarga de águas usadas em aquicultura intensiva, contudo, eventualmente, aditivos alimentares, antibióticos e outros produtos para maximizar a produção, pode prejudicar o ecossistema, se não for adequadamente gerida. Por outro lado, o alimento não consumido gera sólidos orgânicos em suspensão, dióxido de carbono, amónia, fosfato e em outros compostos que, associados às excretas e às fezes, proporcionam uma quantidade considerável de matéria orgânica e inorgânica que afecta os ecossistemas aquáticos. O lançamento directo e contínuo de efluentes de instalações de aquicultura no meio ambiente pode resultar numa bioacumulação crónica e eutrofização, com consequências ecológicas negativas para o ambiente aquático. A ADEGA (Associação para a Defesa Ecológica da Galiza) levou a cabo análises ao efluente de uma piscicultura (Tabela 1). Os valores de matéria orgânica encontrada são cerca de 84 vezes superiores, o teor de sólidos suspensos totais cerca de 100 vezes superior e os compostos de nitrogenados que indicam o risco de eutrofização cerca de 27 vezes os máximos permitidos por lei (Decreto Real 509/1996). O programa BIOSFERA da RTP2 realizou uma reportagem acerca da problemática da implementação de aquiculturas em zonas NATURA, e consequente impacto no ecossistema. A reportagem pode ser vista nos seguintes links (http://www.youtube.com/watch?v=Y1S26fNFIPU;http://www.youtube.com/watch?v=ACYF96hU_sc). Tabela 1 – Caracterização da qualidade de água de um efluente de aquicultura. Parâmetros Legislação Efluente de Aquicultura pH 8.19 5.74 SST (mg/l) 350 ± 3 4850 ± 135 SSV (mg/L) 80 ± 2 3730 ± 108 NTK (mg/L) 1.3 ± 0.4 433 ± 13 CQO (mg/L) 102 ± 48 8635 ± 239 CBO (mg/L) 13 ± 4 3466 ± 230 N-NH3 (mg/L) 0.10 ± 0.01 4.3 ± 0.1 (mg/L) 0.0 28 ± 4 Para além destes indicadores, os efluentes oriundos de aquiculturas também apresentam elevadas concentrações de químicos utilizados na limpeza dos tanques de produção piscícola, fertilizantes, desinfectantes, antibióticos, antimicorbianos, pesticidas, herbicidas/algicidas, etc. A presença de diferentes compostos recalcitrantes e tóxicos para o meio ambiente, como por exemplo, ácido oxolínico, flumequina, ácido nalidíxico e oxitetraciclina tem sido destacada por diferentes autores. Os antimicrobianos são compostos que inibem o crescimento de determinados microrganismos, sendo utilizados na piscicultura para o tratamento terapêutico e profilático de enfermidades causadas por organismos patogénicos. A administração de qualquer substância química farmacologicamente activa para a produção de alimentos de origem animal leva, inevitavelmente, à ocorrência de resíduos no produto final. As legislações nacionais e internacionais empenham-se em garantir que consumidores de alimentos não sejam expostos a resíduos em concentrações potencialmente prejudiciais. O ácido oxolínico é um antimicrobiano do grupo das quinolonas, utilizado na piscicultura particularmente contra Aeromonas sp e Yersinia sp. Por outro lado, a utilização de antibióticos de forma habitual e não aquando da detecção de uma enfermidade, pode resultar em concentrações elevadas nos efluentes descarregados para o meio hídrico, degradando o ecossistema natural. O tratamento habitual destes efluentes é submetê-los a uma crivagem através de uma rede metálica com 1 mm de espaçamento antes da reintrodução no meio hídrico. Para minimizar os impactos há necessidade de tratamento dos efluentes gerados por essas actividades, visando atender às exigências da legislação e às pressões de organizações ambientais e da própria sociedade. De acordo com a Declaração de Banguecoque (NACA/FAO, 2000) a política e as regulamentações referentes a aquicultura devem promover explorações técnica e economicamente viáveis, ambientalmente responsáveis e socialmente aceitáveis. A natureza recalcitrante dos compostos orgânicos presentes nos efluentes gerados e a alta carga orgânica tornam indispensável o seu tratamento antes da rejeição final. A utilização de processos combinados de oxidação química com biotratamento permite a degradação dos compostos recalcitrantes e a subsequente eliminação da matéria orgânica biodegradável por oxidação biológica. A remoção de nutrientes poderá ser efectuado por biossorção usando micro-algas. A reutilização de água exige que as suas condições de temperatura e de oxigénio dissolvido sejam controladas, o que pode ser feito por tecnologias de arejamento. O arejamento é o passo de maior gasto energético num circuito de reutilização de água, pelo que se pretende aplicar as tecnologias mais eficientes. A utilização de técnicas de tratamento e a correcção das características da água para a sua reutilização têm um impacto económico e ambiental que importa analisar para aferir se há vantagem neste procedimento e em que casos.
Este projecto tem como principal objectivo a implementação de um sistema de tratamento e reciclagem da água em aquiculturas, por processos combinados de oxidação química e biológica, e biossorção.
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