O projeto SIAPD tem como objetivo principal a adoção de tecnologias inovadoras para a previsão, deteção, monitorização e luta mais eficazes contra algumas das pragas e doenças mais prejudiciais nas culturas com maior importância socioeconómicas nas áreas geográficas de influência dos parceiros e, em simultâneo, promover a troca de conhecimentos e experiências entre os seus técnicos e investigadores.
O projeto SIAPD constitui-se como uma plataforma de integração de dados de vários tipos de observações no terreno, tornando-se uma fonte de dados para a criação de uma camada de inteligência, que incorpora modelos de previsão, com validação criteriosa no terreno e em laboratório e produz, através de ferramentas tecnológicas baseadas na web e compatíveis com smartphones, um conjunto de avisos e notificações às comunidades agroflorestais.
Esta plataforma pretende integrar dados provenientes de múltiplas fontes (dados ambientais, imagem do solo, observações biológicas, como contagem de insetos em armadilhas, e outras formas de dados provenientes de imagem aérea, como, por exemplo, RGB, RGBI e térmica), sistematizar esses dados num repositório regional e, com isso, alimentar uma camada de modelação que visa produzir probabilidades de ocorrência de um conjunto de pragas e doenças, com base em modelos matemáticos ou já existentes, ou a adaptar ou a desenvolver. A divulgação desses avisos far-se-á através de um portal de informação regional e de uma aplicação de descarga gratuita para os assinantes.
A divulgação mais precoce torna mais eficiente a luta contra importantes pragas e doenças. Criam-se condições para que o uso dos fitofármacos seja mais eficiente que, como produtos químicos, estão sujeitos a uma regulação rigorosa na Europa. O menor uso de pesticidas, que leva diretamente a uma redução dos custos, faz com que haja um aumento da competitividade das explorações agrícolas e consequentemente à melhoria da fixação de população mais jovem nestas regiões.
Por outro lado, leva a uma melhor preservação do ambiente e da biodiversidade e consequentemente a uma gestão mais sustentável das explorações. A possibilidade de prever com mais antecedência a ocorrência dos inimigos das culturas permite também aconselhar a possibilidade de utilização de meios de luta que não sejam químicos, contribuindo desta forma para uma agricultura mais sustentável.
A criação desta poderosa rede de avisos, possibilita que os técnicos das Direções de Agricultura (DRAPN e DGAG, Portugal e Espanha), fiquem dotados de meios tecnológicos e de conhecimento elevados, o que lhes permite uma maior eficácia na previsão das doenças e pragas e ainda uma troca sustentável de experiências e conhecimento de modo que a luta contra os inimigos das culturas seja concertada entre os dois lados. Torna-se clara a importância da introdução de novos métodos e novas tecnologias nas comunidades rurais que certamente favorecerão a qualidade e quantidade das suas produções agrícolas/florestais, para além de ajudarem os atores do mundo rural a cumprirem o normativo comunitário.
Do ponto de vista científico, o projeto SIAPD tem um núcleo de investigadores na área da tecnologia de aquisição de dados e imagem, na área da modelação matemática/estatística, fitossanidade e estudo de pragas, que têm por objetivo melhorar não só o conhecimento epidemiológico das doenças e pragas como também a previsão da sua ocorrência e dispersão.
Finalmente, o projeto tem em vista um aumento do número de parceiros no futuro, já que a plataforma será escalável, permitindo que outras organizações e associações agroflorestais, governamentais ou não, se possam agregar em ambos os lados da fronteira.